sexta-feira, 3 de outubro de 2014
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
A CONGREGAÇÃO DOS SAGRADOS CORAÇÕES
Padre Paulo Dekker, ss.cc.
Toda
Congregação tem um estilo próprio, um modo peculiar de fazer visível o
Evangelho. Este estilo foi impresso pelos fundadores em um momento determinado,
em uma circunstância especial da história. E isto se deixa notar. De começo
nossos fundadores chamaram a Congregação: dos Sagrados Corações de Jesus e de
Maria.
O nome já
indica muito. O Evangelho centrado no Coração de Cristo e no de sua mãe Maria.
Sempre unidos, o Filho e a Mãe, como desejaram que vivessem sempre seus filhos,
os religiosos e as religiosas.
Quis-nos
imitadores de Jesus e de Maria através de um espírito de adoração e de
reparação, transformando e acabando com o mal do mundo, em uma vida ativa e
consumida no trabalho pelo Evangelho e pela Igreja.
Toda nossa
vida está marcada com a sensibilidade que desejou nosso “Bom Padre”. Nossas comunidades
se distinguem por ter um espírito familiar, simples e acolhedor. E como centro
de todas elas a Eucaristia, calor e alimento da vida religiosa.
Como
religiosos fazemos votos de pobreza, castidade e obediência. Vivemos em
comunidades com um superior como responsável. A Congregação está dividida em
províncias, à frente das quais está o Superior Provincial e à frente da
Congregação o Superior Geral, que reside em Roma.
A Congregação
dos Sagrados Corações se estende por todo o mundo e tem como elemento importante
o espírito missionário, que hoje trata de levar a cabo na entrega aos pobres e
marginalizados, atendendo especialmente ao Terceiro Mundo.
É difícil
sintetizar em poucas linhas a riqueza do legado de nossos fundadores.
Destacamos como elementos importantes de nosso carisma:
- A devoção aos Sagrados Corações.
- A reparação do mal no mundo.
- A especial importância da Eucaristia.
- A fidelidade à Igreja e ao Papa.
- O sentido missionário e evangelizador.
- A vida de família e simplicidade de vida.
- Amor e entrega aos pobres…
O “Bom Padre”
nos quis metade contemplativos e metade ativos. Não foi em vão que elegeu São
Bento e sua regra como modelo da nossa. Este é, em grandes pinceladas, nosso
espírito. Não o esgotamos. Queremos que estas palavras te animem a conhecer-nos
mais e melhor.
domingo, 17 de novembro de 2013
Vocação
Falamos muito de vocação. Quando
dizemos que alguém tem vocação, afinal o que queremos dizer? A palavra vocação
vem do verbo no latim "vocare" (chama?). Assim vocação significa
chamado. É, pois, um chamado de Deus. Se há alguém que chama, deve haver outro
que escuta q responde.
A vida de todo ser humano é um
dom de Deus. "Somos obra de Deus, criados em Cristo Jesus" (Ef 2,10).
Existimos, vivemos, pensamos, amamos, nos alegramos, sofremos, nos
relacionamos, conquistamos nossa liberdade diante do mundo que nos cerca e
diante de nós mesmos.
Não
somos uma existência lançada ao absurdo. Somos criaturas de Deus.
Não existe homem que não seja
convidado ou chamado por Deus a viver na liberdade, que possa conviver servir a
Deus através do relacionamento fraternal com os outros.
Você é uma vocação. Você é um
chamado.
Encontramos na Bíblia muitos
chamados feitos por Deus: Abraão, Moisés, os profetas... Em todas as escolhas,
encontramos:
·
Deus chama diretamente, pela mediação
de fatos e acontecimentos, ou pelas pessoas.
·
Deus toma a Iniciativa de chamar.
·
Escolhe livremente e permite total
liberdade de resposta.
·
Deus chama em vista de uma missão de
serviço ao povo.
Vocação é o encontro de duas liberdades:
·
a de Deus que chama
·
a do Homem que responde
Podemos fazer uma distinção
entre os chamados: vocação à existência, vocação humana, vocação cristã e
vocação específica, uma sobrepondo-se à outra.
Ø Vocação à existência -À vida
Foi o primeiro momento forte em
que Deus manifestou todo o seu amor a cada um de nós. Deus nos amou e nos quis
participantes de seu projeto de criação como coordenadores responsáveis por
tudo o que existe. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. A vida é a
grande vocação. Deus chama para a vida, e Jesus afirma que veio para que todos
a tenham em abundância. (Jo 10,10)
Ø Vocação humana - Ser gente, ser pessoa
Foi nos dada a condição da
"liberdade dos filhos de Deus", inteligência e vontade. Estabelecemos
uma comunhão com o Criador e, nessa atitude dialogai, somos pessoas. A pessoa
aprende a conviver, a dialogar, enfim, a se relacionar. Todos têm direitos e
deveres recíprocos.
Infelizmente, a obra-prima do
Criador anda muito desprezada: enquanto uns têm condições e oportunidades,
outros vivem na miséria, sem condições básicas para ressaltar a dignidade com
que foram constituídos. No mundo da exclusão acontece a
"desumanização"'e pode-se perder a condição de pessoa humana.
Ø Vocação cristã - Vocação de filho, de batizado.
Todo batizado recebeu a graça de
fazer parte do povo eleito por Deus, de sua Igreja. Através da vocação cristã,
somos chamados à santidade, vocação à perfeição, recebendo a mesma fé pela
justiça de Deus. Fomos, portanto, eleitos e chamados pessoalmente por Cristo
para ser, como cristãos, testemunhas e seguidores do Mestre Jesus. Chamados â
fé pelo batismo, a pessoa humana foi qualificada de outra forma. Assim todos
fazem parte do "reino de sacerdotes, profetas e reis". (1 Pd 2,9)
Toda pessoa batizada tornou-se
um seguidor de Cristo, participante de uma comunidade de fé que pode ser
chamada para participar da obra de Deus, como membro de sua Igreja, seguindo
caminhos diferentes:
Ø Vocação laical (no matrimônio /no
celibato / solteiro - apóstolo)
Assim todo cristão solteiro ou
casado, batizado em Cristo, tornando-' se membro da sua Igreja, é convocado a
ser apóstolo, anunciador do l Reino de Deus, exercendo funções temporais. O
leigo vive na l secularidade e exerce sua missão insubstituível nos ofícios e trabalhos
l deste mundo. O Concilio Vaticano II sublinhou que a vocação e a missão l do
leigo "contribuem para a santificação do mundo, como fermento na \ massa'.
(LG31)
Ø Vocação ao ministério ordenado
(diácono, padre e bispo)
É uma vocação de carisma particular, é graça, mas passa pela
mediação da Igreja particular, pois as vocações são destinadas à Igreja.
Acontece num acompanhamento sistemático, amadurecendo as motivações reais da
opção. O ministro ordenado preside e coordena os serviços da comunidade. Por
intermédio dos sacramentos, celebra a presença de Deus no meio do seu povo. O
presbítero é enviado a pastorear e animar a comunidade. Ele é o bom pastor que
guia, alimenta, defende e conhece as ovelhas. "Isto exige humanidade,
caráter íntegro e maduro, virtudes morais sólidas e personalidade madura".
(OT 11)
Ø Vocação à vida consagrada (ser irmão
religioso ou irmã religiosa / vida ativa ou contemplativa)
O religioso é chamado a
testemunhar Cristo de uma maneira radical, vivendo uma consagração total nos
votos de pobreza, castidade e obediência. Com a pobreza, vivem mais livres dos
bens temporais, tornando-se disponíveis para Deus, para a Igreja e para os
irmãos. Com a castidade, vivem o amor sem exclusividade, sendo sinal do mundo
futuro que há de vir. Com a obediência, imitam a Cristo obediente e fiel à
vontade do Pai.
Precisamos distinguir bem vocação de profissão, pois não são
exatamente a mesma coisa. Veja o quadro abaixo e observe a distinção entre uma
e outra:
Profissão
|
Vocação
|
1 . Aptidão ou escolha pessoal
para exercer um trabalho
|
1. Chamado de Deus para uma
missão, que se origina na pessoa como reação-aspiração do ser
|
2. Preocupação principal: o
"ter", o sustento da vida
|
2. Preocupação exclusiva:
"o ser”, o amor e o serviço.
|
3. Pode ser trocada
|
3. é para sempre
|
4. É exercida em determinadas
horas
|
4. é vivida 24 horas por dia
|
5. tem remuneração
|
5. não tem remuneração ou
salário
|
6. tem aposentadoria
|
6. não tem aposentadoria
|
7. quando não é exercida, falta
o necessário para viver
|
7. vive da providência divina
|
8. na profissão eu faço
|
8. ha vocação eu vivo
|
A profissão dignifica a pessoa quando é exercida com amor,
espírito de serviço e responsabilidade. A vocação vivida na fidelidade e na
alegria confere ao exercício da profissão uma beleza particular, é o caminho de
santidade.
quinta-feira, 24 de outubro de 2013
Hilário França, ss.cc.
Uma das
características bonitas de nossa Congregação é o espírito de família. A
primeira coisa que eu gostaria de observar é que formamos uma comunidade no
senhor. Portanto, não bastam motivações de fé. Uma segunda coisa: os irmãos de
sangue têm uma origem comum, mas um futuro aberto. Na Vida Religiosa nós temos
uma origem aberta (diversos lugares) para formar uma vida em comum. O superior é o guardião dos irmãos, não no
sentido de vigiá-los, mas de orientá-los, estimulá-los, exercer uma liderança para
o bem.
Para
ter o espírito de família creio que devemos lembrar-nos que:
- Somos chamados a serem Amigos como Jesus disse na última ceia: “já não vos chamou servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, por que vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu pai”. (Jo 15,15).
- Ter um coração bondoso: a bondade abre as portas, vence a rispidez, o endurecimento. Eu posso a ver os irmãos com os olhos de Deus.
- Uma consequência direta é ter confiança uns nos outros. É muito triste quando prevalece a desconfiança. Jesus destruiu no seu corpo a divisão (Ef. 2,14-22).
- Dentro da Comunidade eu não sou o centro. Ao contrário, o verdadeiro espírito de família me leva a ser mais modesto, humilde, diz S. Paulo na carta aos Filipenses: “Nada façais por ambição ou vanglória, mas, com humildade, cada um considere os outros superiores a si e não cuide somente do que é seu, mas também o que é dos outros”. E, em seguida, ele acrescenta: “Haja entre vós o mesmo sentir e pensar que teve Jesus Cristo”. (Fil. 2,3-5).
Mas, uma coisa devemos ficar sempre atentos: somos pecadores, somos limitados:
Portanto não existe comunidades ideais.
Mas, estou seguro, que dentro destas características cultivaremos o
espírito de família e viveremos alegres na simplicidade de coração.
quarta-feira, 16 de outubro de 2013
BEATIFICAÇÃO DOS MÁRTIRES
No domingo 13 de outubro, foi
realizada em Tarragona- Espanha a cerimônia de beatificação dos 522 mártires do século XX na Espanha. Como
todos sabem entre eles estão cinco irmãos da Congregação, Teófilo, Gonzalo,
Isidro, Eladio e Mario, que já podemos invocar como
Beatos. Sua memória no calendário litúrgico foi estabelecida em seis de
novembro.
Estes irmãos eram parte de uma "nuvem de testemunhas",
juntamente com outros irmãos e irmãs, religiosos e leigos que, ao mesma época,
eles corriam os mesmos riscos e tiveram o mesmo destino, em nome de sua fé. Com
esta celebração damos graças a Deus, que sustenta as pessoas frágeis para que
seja testemunhos de que o seu amor vale mais que a vida.
O testemunho de fé dos mártires, em condições de violência e
perseguição contra a Igreja (circunstâncias semelhantes às da época da fundação
da Congregação), pode inspirar o nosso próprio testemunho em nossas
circunstâncias e no nosso tempo. também nos convida a rezar por todos os
cristãos que hoje sofrem perseguição por causa da proclamação do Evangelho ou o
mero fato de declararem-se seguidores de Jesus. Enfim, a memória dos
mártires nos lembra das inúmeras vítimas da violência neste mundo e nos leva a
agir e rezar pela paz e a reconciliação.
Cerca de oitenta religiosas e religiosas SS.CC. de quinze países
participaram da celebração em Tarragona, que reuniu umas 20 mil pessoas. A
província Ibérica foi responsável pela recepção dos irmãos e irmãs da
Congregação.
Confiamos que em todas as partes, a congregação encontrar maneiras de
celebrar e expressar essa alegria da fé que reconhece à morte a promessa de um
fruto da vida que surge de grãos, que, como Jesus, cai na terra e morre por
amor.
segunda-feira, 30 de setembro de 2013
sábado, 21 de setembro de 2013
História de ontem e de hoje
Congregação
dos Sagrados Corações foi fundada por Pe. José Maria Coudrin e Madre
Henriqueta, na noite de natal de 1800.
“A consagração
aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria é o fundamento de nosso
instituto" (BP). Daí se origina nossa missão: Contemplar, viver e anunciar
o Amor de Deus encarnado em Jesus.
Na Igreja da
França, em crise durante a revolução, a jovem congregação se fez presente de
todas as maneiras e por toda espécie de obras. O serviço à Igreja chega a
terras distantes. Neste espírito, São Damião de Molokai é a própria encarnação
do carisma da congregação.
Nas pegadas
deste fervor missionário a Congregação dos Sagrados Corações chega ao Brasil em
1925. Pe. Gil, Pe. Matias e Pe. Eustáquio foram os pioneiros, e a congregação
se estabeleceu através da presença de irmãos e irmãs vindos da Holanda, da
Espanha.
São 88 anos no
Brasil através dos leigos, leigas, irmãs, irmãos e sacerdotes dos Sagrados
Corações!
2.
O
desenvolvimento após os Fundadores (1837-1853)
As sucessoras
da Fundadora foram Françoise de Viart
(1834-1850) e Contance Jobert
(1850-1853). O bispo Rafael Bonamie
foi Superior Geral dos irmãos (1837-1853).
Neste Período
a Congregação sofreu fortes tensões internas. Devia-se continuar o estilo de
vida e de trabalho no tempo dos Fundadores ou
devia adaptar-se as mudanças da sociedade, da Igreja, da vida religiosa e ter
em conta a nova situação criada sem a presença carismática deles? Estava a
ponto de romper-se a comunhão da Congregação, não como algo momentâneo, mas de
forma definitiva. É um fenômeno que se repete na história da vida religiosa,
quando a geração que viveu com os Fundadores tem que viver uma situação em que
novas normas supriram as referencia da própria pessoa dos Fundadores. Em 1853
os dois Superiores Gerais renunciaram e foram substituídos por Gabriela Aymer
de Chevalerie e o padre Eutímio Rouchouze. Esses trazem de volta um grupo que
deixaram a Congregação.
Apesar dessas
tensões, a Congregação começou a crescer, fundam os irmãos a primeira casa fora
da França, em Louvaina (Bélgica), as
irmãs foram para o Chile (1938) e Peru (1848). Aumentou sem cessar o número de irmãos enviados a América Latina e
a Oceania. Desejavam profundamente que a Congregação comprometer-se com as
missões, podemos apreciar o fato que possuía um barco próprio, o
“Marie-Joseph”, que naufragou com 14 irmãos e 10 irmãs, na costa brasileira, a
caminho da Oceania (1842).
3.
O tempo
do restabelecimento e da Reflexão (1853-1870)
Após um
momento delicado de confronte e de cisma, felizmente resolvido, chega um tempo,
sob a liderança dos novos Superiores Gerais: Eutímio Rouchouze (1853-1869) e
Gabriela Aymer de Chevalerie (1853-1866), que inicialmente teve um período de
calma e de certa paralisação, mas também de reflexão, sobre si mesmo e de
preocupação pelo crescimento, buscando novos membros para a Congregação.
O Padre
Eutímio Rouchouze era um homem de grande profundidade espiritual, estava
especialmente interessado na consagração aos Sagrados Corações de Jesus e de
Maria e o papel de ambos no mistério da salvação. Acentuou como caminho
espiritual o assumir o sofrimento, completando a paixão do senhor por seu corpo
que é a Igreja. Ao terminar sua vida, a Comunidade Havia recuperado seu
entusiasmo apostólico e sua união fraterna, em um espírito de fidelidade a seu
carisma.
A primeira
opção da comunidade era o trabalho das missões estrangeiras, as irmãs chegam a Honolulu e ao Equador. Para preparar os missioneiros, criaram as “escolas
apostólicas”: acolhiam a abundancia de jovens, muitos de fora da França, que
desejava ingressar na Congregação, precisamente por esse traço que conheciam
através das revistas missioneiras. Fruto e expressão desta realidade é o Pe.
Damião de Molokai, que aos 33 anos de idade se ofereceu ao vicariato apostólico
para ser “sepultado vivo” com os leprosos em Molokai (arquipelogo do Havaí). Desde do princípio se identifica
com os enfermos e chegará a dizer: Nós os leprosos, uma identificação que não é
de palavra e por ele chegará o dia em que o mal se manifeste em sua carne e
comece a lenta destruição, até a morte.
4.
Um
crescimento acelerado (1870-1914)
Durante o
governo dos Superiores Gerais Marcelino
Bousquet (1869-1911) e Benjamine Le
Blais (1879-1893) e Marie-Claire
Peruchet (1894-1925) a congregação se desenvolveu com grande rapidez, já
que havia grande quantidade de candidatos. A fama do Pe. Damião de Veuster
levou a muitos jovens a entrar na congregação.
O caráter
anticlerical do governo francês obrigou aos irmãos e irmãs a fundar comunidades
fora da França, é quando a congregação se faz verdadeiramente internacional. As
irmãs fundam comunidades na Espanha (1881),
Holanda, Inglaterra e Estados Unidos.
Daí a necessidade de divisão da Congregação em Províncias no ramo dos irmãos.
Também é o
momento da perseguição religiosa na França; foram executados quatros
conselheiros gerais, os irmos mártires da Comuna. Na comunidade de Picpus é
onde mais sofreram as consequências desta situação, que se tornou tão impossível
de continuar que o próprio Governo Geral dos irmãos terminou por estabelecer
sua sede fora da França, em Braine-le-Comte
(Bélgica).
Uma figura
notável da Congregação neste tempo é a do Pe. Mateo Crawley-Boevey. O Papa Pio
X e o Padre Geral pediram-lhe propagar a Entronização do Sagrado Coração nos
lares de todo o mundo, uma forma de apostolado das famílias que chegou ser uma
atividade bem organizada e florescente de nossa Congregação em todas as partes.
Nesse período
de Crescimento e expansão se coloca por escrito aquilo que se vive, a
espiritualidade própria da Congregação. Em 1898 se publica “O religioso dos
Sagrados Corações”.
5.
O
desenvolvimento tranquilo e solução pacifica (1914-1940)
O Pe. Flaviano
Prat (1912-1938) e as irmãs Marie-Claire Pecuchet (1894-1925) e Benjamine de
Noual de la Billiais (1925-1948) são quem lideram os ramos dos irmãos e irmãs
neste período, o período da primeira Guerra Mundial e o período anterior à
Segunda Guerra Mundial. A guerra ocasionou vítimas entre os membros da Congregação
e danos nas casas.
Depois da
primeira Guerra Mundial, houve novamente um período de crescimento em toda
Congregação e os irmãos souberam aproveitar. Já existiam as províncias da
França, Bélgica e America Latina e criaram as da Alemanha, Espanha e Holanda. E
começou a presença na Noruega, Portugal e Áustria. Inicia-se também a presença da Congregação na Ásia e África.
Mas a Guerra
Civil Espanhola (catorze irmãos foram assassinados) foi prelúdio de um desastre
de alcance mundial.
Não é um
tempo, o de “entre guerras”, no que os irmãos e irmãs da Congregação se abriram
a uma verdadeira renovação e aprofundamento da espiritualidade. Será preciso
esperar as imensas mudanças que estão ocorrendo na sociedade e as questões em
aberto sejam escutadas, na realidade, será necessário esperar os tempos do
Vaticano II (1962-1965). A Congregação até então vive da tradição recebida e
não caminha em novas rotas.
6.
A
transição a um novo período (1940-1960)
Em 1938 o Pe.
Jean Du Coeur de Jesus d’Elbée foi eleito Superior Geral dos irmãos. Em 1958
renunciou a ser “De por Vida” (Assim era até então) e sucedeu-lhe o Pe. Henry
Systermans, belga, o primeiro Superior Geral não Francês. Durante seu governo,
apesar dos estragos da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a comunidade se multiplicou
rapidamente: de 1143 professos em 1935, passou para 2000 em 1958. As irmãs em
1955 eram 1500. Era tempo também de crescimento para os países com presença da
Congregação: por exemplo, as fundações dos irmãos na Polônia, Irlanda e Canadá.
Mas os anos 50
já apontam um tempo de mudança, cada vez se sentia com maior força a
necessidade de reformular nossa herança espiritual de novas perspectivas
teológica, bíblicas e históricas. Nessa direção foram tomadas várias
iniciativas. No entanto, a virada dramática que levou ao Concilio Vaticano II é
o que desencadeou uma abertura a caminhos totalmente novos. A parti daí vem se
abrindo, cada vez mais decididamente, o que podemos chamar o “hoje” da
Congregação, com todas as suas luzes e todas as suas sombras, com sua riqueza e
seus desafios, com seus lugares de crescimento e morte ou de vida com difíceis
perspectivas de futuro.
7.
A
Congregação do Vaticano II até hoje (1958-Atualidade)
As profundas
mudanças que ocorreram na sociedade e na Igreja ao longo da segunda metade do
século XX acompanharam e repercutiram na vida da Congregação.
Ao Longo deste
tempo sucederam como Superiores Gerais (a partir de agora passam a ser “ad
tempus” por seis ou doze anos no máximo), o belga H. Systermans (1958-1970), o
Holandês Jan Scheepens (1970-1982), o Irlandês Patrick Bradley (1982-1994), o
espanhol Enrique Losada (1994-2006) e desde 2006 até a atualidade Javier
Álvarez-Ossorio, também espanhol. E no ramo das irmãs Zenaide Lorier
(1948-1964), Brigid Mary McSweeney (1964-1975), as espanholas Maria Paloma
Aguirre (1975-1983) e Maria Pia Lafont (1983-1994), Jeanne Cadiou (1994-2006) e
a espanhola Rosa Mª Ferreiro (2006-2012) e atualmente a equatoriana Imperatriz
Arrobo eleita em 2012.
Trata-se de
uma época de muitas mudanças e tensões na Congregação, que somente cabe
enumerar sem aprofundar nelas.
O Concílio
Vaticano II (1962-1965) suscitou uma profunda reflexão sobre a natureza e
missão da Igreja no mundo. Fez um balanço da situação e propôs caminhos para o
futuro. Também para essa parcela da igreja que é a vida religiosa. O decreto
“perfectae Charitatis” de alguma formar marcam pistas básicas para a renovação
e daí deriva uma corrente de vida que está em meios das tensões que vivem todas
as congregações entre a fidelidade à tradição e a busca de novos modos de vida
e missão para a vida religiosa hoje.
No que se
refere aos irmãos (irmãs também, antes as vezes e algumas vezes depois, tenham
dado passos parecidos), podemos descrever os marcos de uma crise profunda da
Congregação:
O Vaticano II
abre todas as portas somente nos 12 anos de governo de H. Systermans
(1958-1970) “mudou quase tudo”. Acentua-se a descentralização da Congregação,
as Províncias passam a ter capítulos provinciais com capacidade de tomar
decisões em diversos assuntos. Vai incubando uma tensão entre o que é a vida dos religiosos, mais
pegada a missão e inserção na Igreja Local e essa dimensão de “comunidade internacional”, de
Congregação, que fica sem possibilidade de garantir a unidade.
Assim Chegamos
ao Capítulo Geral de 1982, que ofereceu a Congregação um programa para o
futuro: construir um mundo mais justo em solidariedade com os pobres, alcançar
uma renovada e inspirada vida comunitária em todos os níveis, buscar juntos o
que é essencial em nosso carisma e missão. Algumas direções que foram
alimentadas especialmente com a presença frequente do Governo Geral nas
Províncias (Capítulos provinciais, Conferencias Continentais, encontros
internacionais...) e juntamente com aprofundamento e a animação para por em
pratica iniciativas com essas três linhas de crescimento.
Naqueles anos,
também ocorre o processo de participação de toda a Congregação na elaboração
progressiva das novas Constituições e Estatutos da Congregação. Ainda contando
com as diferenças, vão aparecendo pontos de encontro, muito mais que no recente
passado que precede. E já vai emergindo progressivamente a autonomia das
províncias, um sentimento de pertença a uma mesma comunidade internacional, no
qual todos seus membros vivem e trabalham com um mesmo carisma e com uma mesma
visão e missão. Uma nova consciência que se expressa de muitas maneiras na vida
e amplitude global também dá lugar à ideia de estar em outros continentes, não
somente na perspectiva de missão, mas também na de chegar a ser Congregação com
o “rosto” próprio de cada continente ou país: Na África, na Ásia, na Indonésia,
em alguns países da America Latina.
Nesta evolução
mais estrutural, tem acompanhado algo que dá vida e esperança e com que
identifica as novas gerações de religiosos/as, que não são prisioneiros de
nenhum passado, apesar de valorizar apaixonadamente, nossa origem como
Congregação. Poderíamos dizer que a Congregação tenha vivido um longo caminho
nas últimas décadas em busca de nosso carisma ss.cc. o convite a fazê veio do
Concilio. Já as Constituições de 1964 recorem elementos e sensibilidade que em
algum aspecto soa a futuro; logo, em 1970, A regra de Vida, de tanto valor e
inspiração para muitos membros da Congregação durante esses anos; estudos sobre
algum ponto do carisma e sobre tudo outros de índole históricas sobre a época
dos Fundadores e a comunidade primitiva; ensaios de reformulação do carisma de
quem se atreveram a partir de diferentes perspectivas de alguns irmãos e irmãs
do Capítulo primeiro das Constituições, “nossa vocação e missão ss.cc.”, em
1988, entre outros, são marcos de um movimento positivo gerador de identidade,
de vida, de esperança para a Congregação hoje.
Com essa
bagagem espiritual e organizacional, a Congregação vai adquirindo uma fisionomia
multicolorida. Encara o futuro, desde diversidade que enriquece a ser animada
pela mesma espiritualidade e missão: Com desafios diferentes no continente
europeu ou America do Norte do que nos países da America Latina; com presenças de
longa data, junto com outras que acaba de ser iniciadas, na Ásia ou na África;
com um caminho de unidade, relação na vida e colaboração na missão entre irmãos
e irmãs; com o desafio não somente de viver de forma significativa o carisma
ss.cc. no ramo masculino e feminino, mas também nos diferentes “estados de
vida” em que os cristãos encarnam sua história de vida.
Essa é a
Congregação dos sagrados Corações que é na atualidade uma só Congregação, uma
família ss.cc. de religiosos, religiosas e leigos. No Capítulo Geral de 2006
dos irmãos, sublinha o fato de que o Senhor nos chama a ser contemplativos,
companheiros e compassivos. Trata-se, antes de tudo, de contemplar a Jesus, sua
pessoa, sua palavra, sua presença sempre atual. De acompanharmos mutuamente e
estender a fraternidade nos mais diversos âmbitos. De traduzir essa
contemplação e fraternidade compaixão, que testemunha o amor de
Deus, especialmente aos mais vulneráveis e marginalizados.
8.
Conclusão
Este ideal dos
fundadores é resumida em poucas palavras pelo 6º Superior Geral dos Irmãos, Pe.
Jean d”Elbee:” A nossa congregação é pequena em números, mas muito grande sobre
os dons divinos que recebemos abundantemente: O Sagrado Coração de Jesus e do
Coração Imaculado de Maria, inseparáveis entre si e estreitamente unidos na
Santa Eucaristia e Missão de fazer amar, onde o amor não é amado. Não há missão
mais gloriosa, porque Deus é amor”.
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